“Portanto, corram de tal maneira que ganhem o prêmio. Todo atleta que está treinando aguenta exercícios duros porque quer receber uma coroa de folhas de louro, uma coroa que, aliás, não dura muito. Mas nós queremos receber uma coroa que dura para sempre. Por isso, corro direto para a linha final” (Paulo)
(Baseado em 1 Coríntios 9:24)
O autor da frase acima não é o Bernardinho, mas bem que poderia ser.
Também não é nenhum atleta olímpico, embora soubesse “na pele” o que era enfrentar longos momentos de privação, tudo para alcançar um objetivo maior.
Ele também não era nenhum maratonista, embora soubesse bem o que era correr longas distâncias, às vezes mesmo com dor, sede ou chuva.
Também conhecia aquela sensação que só os corredores sabem: a de que os “metros” parecem ficar mais “longos” a cada passo que se dá em direção à linha de chegada.
Ele também não era lutador¸ embora soubesse bem o que era ser golpeado dura e impiedosamente pelo adversário.
Sim, ele sabia o que era estar na lona, vendo sobre os próprios ombros a “quase” comemoração do inimigo… Mas a luta ainda não tinha acabado!
O atleta, ou o “apóstolo-atleta”, era ninguém menos do que Paulo. Alguém fascinado pela coroa.
Não que ele mesmo quisesse essa glória para si. Não, não era para ele.
Ele tinha aprendido que a glória não está naquilo que se “ganha”, mas naquilo que (pelo menos na aparência) se “perde”… Ou melhor, na renúncia.
Para aprender a ganhar, Paulo aprendeu a perder (a renunciar).
Não como algum fanático cego, que maltrata a si mesmo apenas porque assim (inutilmente) acredita agradar a um Deus sádico.
Não como o boxeador que luta contra o vento, sem perceber que esta é uma luta vazia.
Mas com consciência. Com discernimento. Conhecendo o adversário e suas estratégias.
Evitando toda distração, e aproveitando cada brecha.
Alguns capítulos antes, ele já tinha renunciado ao seu “conhecimento”. Para ele, não era mais uma questão de parecer inteligente, ou ter posição social. Isso havia se tornado uma coisa sem importância para ele (pois “o conhecimento “incha”, enquanto só o amor constrói”).
Para ele, também não se tratava mais de parecer justo e bom perante as pessoas. Ele já não andava por aí pregando uma “lista” do que “pode” ou “não pode”.
Não se tratava mais do que “podia” ou “não podia”. O que importava era o que contribuía ou não para que ele alcançasse a “linha de chegada”, o “prêmio” final (pois “todas as coisas me são permitidas, mas nem toda convém”).
Depois, ele ainda renunciaria à sua “pátria”, à sua posição de “apóstolo”, e até ao seu salário, tudo para que a tão sonhada meta não fosse perdida.
E que “meta” era essa?? Não era uma medalha passageira, mas um prêmio eterno: o evangelho, o poder para salvação de Paulo, e de quem mais em Jesus cresse (ou creia).
Para que essa meta suprema fosse alcançada, ele estava disposto a tudo: tinha se tornado “fraco” para falar com os fracos. Abrira mão de sua sabedoria para falar com quem não era sábio.
E se transformava em atleta olímpico, para aqueles que viviam as glórias e agonias de um estádio – como os gregos de Corinto, para quem Paulo pregou e escreveu.
Cuidando do “treinamento” e se esmerando na preparação. Pois se é para correr ou lutar – dizia ele – que seja para buscar o primeiro lugar. Senão, melhor ficar “no banco”…
Tudo para que nenhuma oportunidade se perdesse. Tudo para que ninguém se perdesse. Nem (e principalmente) a sua própria vida.
Sem esmorecer, sem desanimar. Combatendo o bom combate. Guardando a fé.
Até a última consequência. Até a linha de chegada.
Paulo alcançou uma coroa de glória maior do que qualquer medalha. E nós?
Cansado só de pensar?
Talvez você não seja rápido ou forte o bastante para alcançar o primeiro lugar, mesmo que corra o melhor que puder.
Porém, ainda assim, complete a sua carreira. Cruze a linha de chegada. Faça a sua parte.
Creia: O Reino dos Céus é uma corrida em que, mesmo os últimos, serão como os primeiros!