A NOITE E O DIA

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“Pois estou convencido que nem a morte nem a vida, nem os anjos nem os principados, nem o presente nem o futuro, nem os poderes, nem a altura nem a profundidade, nem qualquer outra criatura poderá nos separar do amor de Deus manifestado em Cristo Jesus” (Romanos 8:38)

Nos últimos dias, nós, brasileiros, convivemos com uma tragédia que chocou a todos: a queda de um avião que vitimou 71 pessoas, dentre elas, atletas de um time de futebol, a Chapecoense, que estava vivendo a expectativa da partida mais importante de sua história até então.

Perdas como essa, que ocorrem de forma tão abrupta, violenta, nos fazem parar e refletir sobre a vida, sobre a nossa fragilidade, sobre a futilidade e incerteza dos nossos planos e aspirações, pois a morte, às vezes, não nos dá aviso e nem nos permite tempo para dizer aquilo que não foi dito, para se arrepender daquilo que fizemos de errado, para nos reconciliar com aquelas pessoas com quem, por orgulho, rompemos.

Se, de um lado, essa tragédia expôs algo de muito ruim – a ganância pela qual uns poucos irresponsáveis, por um punhado de dólares, por sua negligência, fizeram com que tantas famílias e todo um povo chorasse perdas tão dolorosas – houve também esperança, pela pronta solidariedade que tantas pessoas, em um país estrangeiro, demonstraram. Evangelho é verdade que produz atitude, e as atitudes que tantas pessoas demonstraram revelam a obra de Deus no coração.

Algumas destas pessoas podem não ser “evangélicas”, mas o amor que demonstraram é, sim, algo genuíno do evangelho. Creio que o que fizeram nasceu no coração de Deus. Há pessoas que, como os discípulos no caminho de Emaús, estão andando com Cristo sem saber que é Ele, apenas sentindo a palavra queimar no coração, mas sem saber quem está os conduzindo. Deus está perto de quem demonstra misericórdia, como na história do bom Samaritano.

Creio que tragédias como esta nos devolvem um pouco a lucidez.

Vivemos em um mundo em que somos, o tempo todo, estimulados pelos meios de comunicação, pela tecnologia. O tempo todo estamos conectados e informados, mas nossa capacidade de reflexão, de buscar a paz interior, está se tornando cada vez menor. E, nesse turbilhão de sensações, nesse mundo que nos elege tantas prioridades que não deveriam ser tão prioridades assim, negligenciamos a vida. Perdemos a noção da nossa pequenês.  Corremos atrás daquilo que é visível e passageiro e desprezamos o que é invisível e eterno.

A fé nos oferece promessas para a vida presente e futura:

“Exercita-te na piedade. Se o exercício corporal traz algum pequeno proveito, a piedade, esta sim, é útil para tudo, porque tem a promessa da vida presente e da futura”. (1 Timóteo 4:8)

Porém, neste momento, vamos falar um pouco sobre aquilo que deveria ser o mais importante alvo em nossas vidas: alcançar a vida eterna.

É estranho que, mesmo na Igreja, não existe um consenso sobre qual é a nossa esperança de vida após a morte. Há uma certa divergência sobre este tema. No dia de hoje, quero trazer a interpretação que me traz paz, e que, ao meu ver, leva em conta não apenas a “letra” da palavra, mas o mais importante: o Poder de Deus (pois há algumas pessoas que demonstram grande erudição e conhecimento das escrituras, até mesmo do hebraico e do grego, mas que complicam coisas que deveriam ser simples, por negligenciar o Poder de Deus).

Pois Jesus disse ao ladrão na cruz: Eu lhe afirmo, hoje estarás comigo no paraíso. E isso deveria ser simples assim. A pessoa tem um encontro com Cristo e, depois daquilo, não há separação entre ela e Deus (“pois nem a morte nos separará do amor de Deus”).

Há pessoas que não se conformam com isso. É o pensamento típico do irmão do filho pródigo. “Mas como assim? O sujeito peca a vida inteira e, em um instante “estarás comigo no Paraíso?”. Não aceitamos a justiça que vem de Deus. Preferimos tornar a nossa religião “espiritizada”, em que a perfeição é alcançada por méritos, em que nos estamos a sós contra na luta contra o nosso carma e as nossas imperfeições, seres que precisam “evoluir” por conta própria. No Evangelho, porém, tudo – até o bem que praticamos – não vem de nós, mas de Deus, principalmente a vida eterna (que é dom, presente de Deus).

Porém, eu não quero aqui dar um esclarecimento puramente teológico. Teologia, por sinal, é uma palavra que é uma contradição em termos, pois “Quem jamais conheceu a mente do Senhor?”. Discussões doutrinárias são fúteis, produzem divisão, e carregam a pretensão de explicar um Deus inexplicável, cuja glória está muito além do alcance da compreensão humana.

Hoje, a Palavra nos visita com uma outra perspectiva, que – oro por isso – mudará para sempre a nossa forma de viver. Pois falo de coisas que não vêm de mim. As palavras que trago são vida.

Vamos voltar ao versículo chave:

 “Pois estou convencido que nem a morte nem a vida, nem os anjos nem os principados, nem o presente nem o futuro, nem os poderes, nem a altura nem a profundidade, nem qualquer outra criatura poderá nos separar do amor de Deus manifestado em Cristo Jesus” (Romanos 8:38)

 Há algo neste versículo que poucas pessoas reparam, um mistério, um paradoxo.

Pois já era de se esperar que alguém fosse separado de Deus pela morte. Mas como alguém jamais poderia imaginar ser separado de Deus pela vida? Infelizmente, há pessoas – inclusive alguns de nós aqui hoje – a quem a vida tem separado de Deus.

 Para ilustrar isso, vamos ler uma parábola que Jesus contou, sobre o homem rico e Lázaro (Lucas 16).

Enquanto o homem rico gozou de todos os bens em vida, Lázaro sofreu com a miséria. Porém, Lázaro possuía aquilo que Jesus chama de “tesouros no céu”, ao passo que homem rico era rico apenas quanto aos bens materiais.

Vemos isso porque Deus chama Lázaro pelo nome (ele tem um nome diante de Deus).

 Mas o rico, que certamente gozou de fama enquanto vivo, é alguém sem nome perante Deus, um desconhecido.  Seus valores eram apenas os terrenos. Ele não buscou, em vida, os tesouros do céu. Vemos a arrogância dele, que, mesmo no inferno, se sente superior e quer dar ordens a Abraão. Quer manipular as coisas, dar um jeitinho de enviar alguém de entre os mortos, para que seus parentes não fossem para o lugar que ele estava.

E, aqui, abre-se um parêntesis de que a Palavra é bastante clara sobre entrar em contato com os mortos, que é algo que vai de encontro a essa necessidade de manipular o sobrenatural. Porém, a Bíblia ensina que não é da vontade de Deus que o homem estabeleça este “contato”, e isso tem conduzido muitas vidas à escravidão, tem dado brecha para gente desonesta e para atuação de espíritos enganosos.

 O homem rico foi alguém que a própria vida separou de Deus. Ele viveu separado de Deus e a morte somente foi a continuidade de sua existência sem Deus.

Em outro lugar, Jesus conta outra parábola sobre alguém que era rico materialmente, mas pobre para com Deus (Lucas 12: 18):

“E direi a minha alma: Alma, tens em depósito muitos bens para muitos anos; descansa, come, bebe e folga.

Mas Deus lhe disse: Louco! esta noite te pedirão a tua alma; e o que tens preparado, para quem será?

Assim é aquele que para si ajunta tesouros, e não é rico para com Deus”.

Há pessoas que vivem embriagadas, em dissolução.

Embriaguez aqui não se refere somente ao consumo de álcool, mas também a um estilo de vida, a um proceder de forma inconsciente quanto às coisas que têm valor eterno. Pois todos aqueles que vivem baseadas apenas na aparência deste mundo estão vivendo uma ilusão, estão embriagadas.

E o motivo da embriaguez pode ser a desenfreada busca por bens materiais, a ignorância quanto à certeza da justiça de Deus contra aqueles que praticam o mal, a entrega aos desejos mais loucos e a uma vida baseada em banalidades.

Outra cause de embriaguez é uma religiosidade fria e completamente alienada. Muitos cultos hoje promovem a ganância, a intolerância, e, assim, estão embriagando o povo espiritualmente.

Paulo também nos fala de gente que vive em rixas, disputas e causando separações entre o povo de Deus.

 Essas pessoas estão separadas de Deus pela vida. Para elas, o momento de despedida desta vida será a continuidade de uma existência sem Deus.

Paulo descreve essa vida como a noite e a vinda de Deus como o dia.  Para essas pessoas, o dia do Senhor virá de uma forma inesperada, pois essas pessoas não estão preparadas:

  “A noite avançou e o dia se aproxima. Portanto, deixemos as obras das trevas e vistamos a armadura da luz. Como de dia andemos decentemente, não em orgias e bebedeiras, nem em devassidão e libertinagem, nem em rixas e ciúmes. Mas vesti-vos do Senhor Jesus Cristo e não procureis satisfazer os desejos da carne” (Romanos 13:12)

 A graça de Deus não é pretexto para viver uma vida alienada de Deus.

Que ninguém se engane: todo aquele que pratica a injustiça receberá de volta a injustiça, e nisto – a Bíblia diz – não há acepção de pesssoas (Colossenses 3:25). Os crentes sofrerão as consequências de seus atos assim como os incrédulos, Deus não faz separação de pessoas.

O ladrão na cruz ouviu de Jesus que estaria com Ele no paraíso, mas isso não o fez escapar das consequências terrenas de seus atos em sua carne (ele foi condenado, crucificado).

Há pessoas que, ao invés de acumular tesouros no céu, estão acumulando, entesourando, ira para o dia da manifestação do juízo de Deus:

 “Ou desprezas tu as riquezas da sua benignidade, e paciência e longanimidade, ignorando que a benignidade de Deus te leva ao arrependimento?

Mas, segundo a tua dureza e teu coração impenitente, entesouras ira para ti no dia da ira e da manifestação do juízo de Deus;

O qual recompensará cada um segundo as suas obras; a saber:

A vida eterna aos que, com perseverança em fazer bem, procuram glória, honra e incorrupção;

Mas a indignação e a ira aos que são contenciosos, desobedientes à verdade e obedientes à iniqüidade” (Romanos 2:7)

Pare e pense. Não permita que essa vida mantenha você separado de Deus.

 E quais são os tesouros no céu que devemos buscar enquanto em vida?

 “(…) O qual recompensará cada um segundo as suas obras; a saber: A vida eterna aos que, com perseverança em fazer bem, procuram glória, honra e incorrupção”

Esse versículo fala em não desistir de fazer o bem (não desanimar). A Bíblia compara a piedade ao exercício físico, porém, o exercício físico produz um benefício temporário, enquanto cada boa obra que fazemos neste mundo produz um benefício eterno (1 Timóteo 4:8).

 Evangelho é viver para buscar glória, honra e incorrupção. Santidade é preencher a vida com significado, sentido. Quando fazemos algo em nome de Jesus, cumprindo a vontade de Deus, aquele momento ganha um novo significado, uma felicidade que transborda para a vida eterna. A eternidade habita na felicidade, na glória, desses momentos.

 Olhe para traz e veja que seus melhores momentos, os momentos mais felizes, foram quando você deixou o evangelho falar por você. O contrário também se aplica: os seus dias menos gloriosos foram aqueles em que você andou distante de Deus.

Se vivermos juntos de Deus o fim desta vida será apenas a continuidade de nossa união com ele. Para quem andou com Deus, a morte vem como o despertar de um sonho, e, no momento seguinte, estaremos face a face com Deus.

Paulo tinha essa certeza e esperança:

 “Ele morreu por nós para que, quer estejamos acordados quer dormindo, vivamos unidos a ele” (I Tessalonicenses 5:10)

 “Porquanto, para mim (Paulo), o viver é cristo, e o morrer é lucro. Entretanto, se o viver na carne traz fruto para o meu trabalho, já não sei o que hei de escolher. Ora, de um e outro lado, estou constrangido, tendo o desejo de partir e estar com Cristo, o que é incomparavelmente melhor” (cf. Filipenses 1:21-23)

 Porque sabemos que, se a nossa casa terrestre deste tabernáculo se desfizer, temos de Deus um edifício, uma casa não feita por mãos, eterna, nos céus. E por isso também gememos, desejando ser revestidos da nossa habitação, que é do céu; Se, todavia, estando vestidos, não formos achados nus. Porque também nós, os que estamos neste tabernáculo, gememos carregados; não porque queremos ser despidos, mas revestidos, para que o mortal seja absorvido pela vida. Ora, quem para isto mesmo nos preparou foi Deus, o qual nos deu também o penhor do Espírito. Por isso estamos sempre de bom ânimo, sabendo que, enquanto estamos no corpo, vivemos ausentes do Senhor (porque andamos por fé, e não por vista). Mas temos confiança e desejamos antes deixar este corpo, para habitar com o Senhor” (cf. 2ª Coríntios 5:1-8)

“Pois ninguém de nós vive e ninguém morre para si mesmo, porque se vivemos é para o Senhor que vivemos, e se morremos é para o Senhor que morremos. Portanto, quer vivamos, quer morramos, pertencemos ao Senhor. Com efeito, Cristo morreu e reviveu para ser o Senhor dos mortos e dos vivos” (Romanos 14:7)

É difícil viver com Cristo sem distrações nesta vida. Por mais que nos esforcemos, sempre acabaremos falhando, perdendo a inspiração, nos deixando guiar por nossos impulsos. Isso acontece porque o pecado é a realidade do corpo que habitamos.

Porém, pela graça e misericórdia de Deus, Ele preservará as nossas vidas no dia do julgamento que virá sobre toda a humanidade (Judas 1:24):

 “Ora, àquele que é poderoso para vos guardar de tropeçar, e apresentar-vos irrepreensíveis, com alegria, perante a sua glória” (Judas 1:24)

Para finalizar, vou compartilhar com vocês uma oração. Enquanto você ouve essas palavras, tente meditar sobre o valor do evangelho em sua vida:

“Evangelho o que é? É boa noticia. Esperanca. Verdade no coracao. Verdade que produz atitude. É amor que transborda. Graça que excede. Transforma. Re-voluciona. Ordena as coisas. Traz ordem ao caos. Põe em primeiro aquilo que é essencial: vida, amor. É perdão que  não se recebe sem dar. É embriaguez que nos torna lucidos. É aquilo que converte nossos olhos muda a nossa forma de ver. É querer o bem e paz a todos. É se deixar ser pacificado. É tirar a trave dos nossos olhos primeiro. É nos desiludir de tudo que nos produz arrogancia de ser mais justo, bom ou superior a outro. Olho pra trás e vejo que meus melhores momentos  foram quando deixei o Evangelho falar por mim, e o contrário (meus piores momentos) quando eu quis falar por mim. E quem nao crê? Evangelho nao se crê sem viver. Ha quem viva e não creia. Há quem nele andou sem nem mesmo saber.  Esses que creram sem saber são gente do evangelho embora nao sejam evangelicos. Porque evangelho é atitude, significado que humaniza e santifica. Torna eterno. Sao esses os tesouros no céu de que falou Jesus. Cristo, oro para que não me deixe me embriagar. Não me deixe me distrair. Permito que o Evangelho me leia. Que me esquadrinhe e que eu jogue fora aquilo que não serve. Eu me arrependo, sabendo, porém que sou homem inconstante. Que repito erros. Que cobiço, que penso coisas erradas. Porém, gracas te dou Pai porque tu não me deixaste jamais tornar-me aquilo que eu poderia ter me tornado. Me preservaste apesar de mim. Pai me perdoa por cada vez que um erro meu roubou esperanca de alguém no ser humano. Permita, oh Deus, que cada uma dessas pessoas venha a reencontrá-la pela sua propria acão. Pai, salva-me de mim. Eu te oro, oh Deus, pois tudo sabes e me tem em suas mãos. Sabes minhas dividas todas, como conheces cada fio de cabelo meu. Preserva em mim o teu Espirito, Senhor, é o que te peco. Pois nem a morte nem a vida jamais me separarão de Ti. O dia e a noite são para Ti uma coisa só. E se há algo a ser dito e expressado em Tua presenca, que se cale toda a voz, pois o silencio me fala de Ti. Seja o meio e a mensagem. Seja o meu orar respirar da alma. Pois és tu quem ora por mim e me guarda. Seja tudo em Nome de Jesus, mas verdadeiramente. Não apenas o orar mas tambem o viver, em tudo o que fizer”.

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Sobre Comunidade Moriah

Seja bem vindo! Você acessou a página da Comunidade Moriah, uma Comunidade Cristã dedicada a viver e propagar a mensagem do Evangelho sem barganhas, em um espírito de humildade, sinceridade, moderação e amor. Aqui você poderá ficar por dentro de nossas atividades e conferir algumas das mensagens que têm sido ministradas entre nós. Esperamos que elas possam abençoar a sua vida tanto quanto nos têm abençoado!
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