Texto para Reflexão, leia Lucas 7: 18 – 35
No ano de 2007, na cidade de Washington, o famoso violonista Joshua Bell tocaria para um publico seleto em uma casa de shows. O preço mínimo era de U$100.
Os patrocinadores, porém, decidiram fazer uma experiência com o publico e colocaram Bell para tocar em uma estação do metrô, para quem quisesse ouvir. E o melhor: de graça. O violonista, entretanto, apareceria de surpresa, os patrocinadores não fizeram nenhum anuncio de que ele tocaria naquele dia.
Joshua Bell, vestindo jeans, camisa de mangas compridas e boné, tocou seu Stradivarius de 1713, avaliado em US$ 3,5 milhões.
Joshua, contudo, passou despercebido pela população, tendo arrecadado pouco mais de U$30. Apenas vinte e sete pessoas pararam para ouvi-lo e apenas uma senhora reconheceu que era ele.
Por que as pessoas não pararam para ouvi-lo? Por que alguns não reconheceram quem era, quando outros pagariam tão caro para vê-lo?
Jesus também passou despercebido no meio de muitas pessoas.
Quatrocentos anos de silêncio de Deus e todos aguardavam a promessa do Messias. Quando Ele finalmente nasceu, apenas alguns pastores atentaram para o dia e seguiram a estrela na época certa.
Até mesmo o próprio rei Herodes tinha ouvido falar do nascimento de Messias, pois havia decidido evita-lo, matando todos os recém-nascidos.
A maioria do povo e dos religiosos, entretanto, não tomou conhecimento da vinda de Jesus.
Por que será que a vinda de Jesus não atendeu às expectativas daquelas pessoas? O que será que eles estavam aguardando?
Neste texto, vemos que, até mesmo João Batista, o profeta que veio preparar o caminho do Senhor, chegou a duvidar se Jesus era mesmo Messias.
João envia um mensageiro para perguntar a Jesus: “És tu aquele que haveria de vir ou devemos esperar algum outro?”
Jesus, então, realiza vários milagres diante dos discípulos de João, testificando que – de fato – Ele era o messias prometido.
A resposta de Jesus foi: “Os cegos vêm, os aleijados andam, os leprosos são purificados, os surdos ouvem, os mortos são ressuscitados e as boas novas são pregadas aos pobres”.
Percebemos que nem mesmo a multidão que seguia Jesus tinha plena compreensão sobre a Sua verdadeira identidade e missão e sobre a obra que Ele estava realizando ali, no meio do povo.
Agora mesmo, Jesus pode estar agindo em nosso meio, sem que nós percebamos que Ele está entre nós.
Quais são as suas expectativas em Deus? A quem – ou ao que – você está esperando?
Talvez, aquela multidão estivesse esperando algo espantoso, extraordinário, vindo dos céus.
Muitas vezes, corremos sempre atrás de algo fabuloso, espantoso. Corremos atrás de algo que satisfaça nossa curiosidade, ou de algo que seja extraordinário. “Ver para crer” é próprio da natureza humana.
Porém, nessa busca, frequentemente nos pegamos correndo atrás do vento, atrás de toda e qualquer “novidade”, todo “vento” de doutrina.
Nas palavras de Jesus, algumas pessoas estavam buscando um “caniço agitado pelo vento”.
Um caniço (isto é, uma palha) agitado no vento é algo que se dobra de acordo com as circunstâncias, de acordo com as conveniências.
Essa, porém, não é a natureza de um profeta de Deus. Um profeta é calcado na verdade, firme, não alguém que se dobra de acordo com as conveniências políticas do momento.
Talvez, aquela multidão estivesse esperando um homem vestido de “roupas finas”, alguém que estivesse assentado em palácios reais.
Hoje, provavelmente, aquelas mesmas pessoas estariam correndo atrás dos novos “apóstolos” e de sua teologia da prosperidade, que promete todas as posses e confortos materiais àqueles que aderem às suas mega-religiões.
Afinal, para algumas (falsas) “releituras” do evangelho, ter riqueza significa, necessariamente, ter a benção de Deus.
Algumas pessoas, porém, estavam realmente esperando por um autêntico profeta. Foram essas pessoas que ouviram a mensagem de João Batista, que, como dizem as escrituras, estava preparando um caminho para a mensagem de Jesus
A mensagem de João Batista, porém, não era a revelação completa. Somente Jesus inauguraria o tempo do Reino de Deus.
E, a partir de Jesus, até mesmo o menor no Reino de Deus seria maior do que o próprio João Batista.
De fato, aqueles que nasceram de novo gozam de uma revelação e de promessas ainda mais elevadas do que os maiores profetas que nasceram sob a Antiga Aliança (isto é, no tempo do “Antigo Testamento”).
Vemos, todavia, que os religiosos da época não creram nem na mensagem de João Batista e nem na mensagem de Jesus. Da mesma forma, até mesmo alguns dos que seguiam a Jesus não creram e não foram batizados.
Aquelas pessoas não perceberam que Jesus estava entre eles, que Ele era Aquele em quem todas as promessas se cumpriam. Eles não perceberam Ele era a quem todos estavam esperando.
Jesus repreende aquela geração – e creio que alguns de nós seriam repreendidos da mesma forma hoje.
Muitos, infelizmente, continuam agindo como “bebês chorões”:
“Se é tocada música de dança… Elas não festejam”.
“Se é cantado um hino de lamento… Não choram e nem se sensibilizam com a dor”.
“Se jejua e não bebe tem demônio”.
“Se come e bebe é um beberrão e amigo de pecadores”.
Muitos de nós, “servos” de Jesus, somos como crianças mimadas: Não sabemos o que queremos. Perdermos a sensibilidade do momento e não enxergamos as oportunidades que Deus nos apresenta para contemplar e fazer parte de Suas obras. Esquecemos a quem estamos esperando.
Pior ainda: Não percebemos que Jesus está no nosso meio, entre nós e em nós.
E por que isto pode estar acontecendo? Vou citar aqui pelo menos três motivos:
1)Estamos ocupados demais, ou preocupados demais
Creio que nossos afazeres diários e preocupações do dia a dia nos tiram a percepção de que Jesus está em nós, agindo, se movendo e realizando milagres.
Infelizmente, nossas preocupações frequentemente tiram nosso foco das coisas mais importantes. Nesta semana mais um pai esqueceu seu filho dentro de um carro e isto acabou em uma tragédia.
2) Estamos distraídos:
Trabalhamos tanto que, quando nos sobra tempo, aliviamos nossas tensões do dia a dia com entretenimento: passeios, festas, jogos, divertimentos ou até mesmo um bom dia de repouso.
Buscar diversão não é pecado, mas não podemos usar a diversão como uma fuga dos problemas, da realidade de nossas vidas. Se distrair apenas dá um alívio momentâneo, mas não é capaz de curar a ferida dos nossos corações.
Não levamos até Jesus o nosso fardo, o nosso peso, preferimos descarregar com outras coisas e perdemos a sensibilidade de que Jesus está em nós.
3) Somos indiferentes
Estamos vivendo no mundo do “não é problema meu”.
Se não tomarmos cuidado, Jesus se torna algo indiferente, sem relevância ou significado em nossas vidas.
Ficamos tão acostumados, conformados, com as injustiças e com o domínio do mal, que nem ao menos estamos esperando pelo sobrenatural de Deus em nossas vidas.
Nesses dias, precisamos, urgentemente, nos voltar para Jesus. Relembrar o que Ele já fez e ainda está fazendo.
A obra de Jesus em nós ainda não acabou. Precisamos pedir ao Senhor discernimento das coisas espirituais e pedir ajuda a Ele, descansar Nele e voltar a crer que Ele está em nós.
Jesus certa vez respondendo aos fariseus a respeito de Seu Reino: “O reino de Deus não vem de modo visível, nem se dirá: Aqui está ele, ou lá está; porque o Reino de Deus está entre vocês”. Lucas. 17: 20,21.
Naquele momento, os seguidores de Jesus não entenderam que o maior milagre não era devolver o dom da visão aos cegos ou fazer andar aqueles que não podiam. O verdadeiro milagre era a própria presença de Deus no meio deles, na pessoa de Cristo.
Que tenhamos em nós a fé que nos faz, em todo tempo, enxergar Jesus agindo em nós e por intermédio de nós.