Por Simone Fernandes
Texto para Reflexão: Leia Juízes 4 : 1-5
Débora viveu no chamado período dos Juízes, um momento da história de Israel cuja duração é incerta – os historiadores situam os fatos em cerca de mil e duzentos anos antes de Cristo. Este momento marca também um dos períodos de maior dificuldade espiritual para o povo de Israel.
Deus havia prometido a Moises que daria a terra prometida à Israel, após sua peregrinação do deserto, que durou quarenta anos desde o dia em que o povo deixou o Egito.
Quando Josué tomou posse da cidade de Jericó, Israel efetivamente começa a ocupar terra prometida e a desfrutar das Promessas de Deus.
Vemos, então, que Israel começa a conquistar novas cidades, tornando-se economicamente e politicamente forte.
Mas, com o passar do tempo, Israel passou a não mais obedecer aos mandamentos de Deus.
Quais eram esses mandamentos?
Deus havia ordenado que todos os antigos habitantes deveriam ser despejados da terra prometida.
Sabemos que Deus é amor e deseja a salvação de todos os povos. Sabemos, também, que Ele não faz acepção de pessoas. Porém, naquele momento histórico específico, a mensagem da graça de Deus a toda a humanidade ainda não havia sido revelada de forma completa. Era um período diferente na história.
O motivo da ordem de Deus era fazer com que os israelitas não adotassem os costumes pagãos e o mau comportamento daqueles povos.
Porém, o que os israelitas fizeram?
Eles toleravam a presença dos povos inimigos, não porque eles os amavam ou porque desejavam que a graça de Deus os alcançasse, mas por um motivo menos “nobre”. Eles descobriram que seria útil mantê-los como escravos, ou para receber tributos.
A nação dos filhos de Deus havia se tornado exploradora e cruel, exatamente como os povos pagãos a quem Deus tanto condenava.
A consequência é que os israelitas, rapidamente, se desviaram de Deus, deixando os costumes e pecados daqueles povos entrarem no meio de seu povo. Eles abandonaram a presença de Deus.
Vejamos, então, como Israel começou a se afastar de seu Deus. Qualquer semelhança com os dias atuais não é mera coincidência.
Israel começou a se misturar com os seus costumes e vícios deixando os mandamentos de Deus, e começaram a entrar em um período de libertinagem espiritual. Eles passaram a adorar os deuses daqueles povos, abandonando o Senhor.
Vemos que a maior causa dos problemas que havia entre o povo da época do livro de juízes foi a falta de educação doutrinaria do povo de Israel.
O interessante é que esse mesmo povo que Israel deixou se manter em seu meio acabou sendo a causa de sua derrota, roubando as bênçãos que eram destinadas a Israel (a quem Deus havia prometido que comeriam do “melhor dessa terra”).
Deus deixou que seus inimigos os oprimissem e eles os fizeram escravos por vinte longos anos. Após esse período, o povo então clamou por libertação.
Deus, então, envia Débora para libertar o povo.
Quem era Débora?
Um mulher profetiza e juíza, mulher de Lapidote, e que julgava Israel entre Rama e Betel, nos montes de Efraim.
No relato de Êxodo (Cap. 18), vemos que o sogro de Moisés, Jetro, havia sugerido ao seu genro que ele nomeasse juízes entre o povo de Israel, pois o trabalho de julgar todas as causas do povo era muito penoso para Moisés sozinho fazer.
Os juízes eram pessoas que conheciam a Lei do Senhor. Depois que Moisés e Josué faleceram, vimos que o povo se desviou dos mandamentos de Deus. Porém, de tempos em tempos, Deus levantava um juiz na terra, a fim de que o povo se voltasse para a Lei do Senhor.
Os possíveis significados do nome Débora são “enxame de abelhas”, ou “palavras bondosas”. Esses significados descrevem bem o ministério de Débora, pois a bíblia ensina que Débora se levantou “como uma mãe em Israel”, para trazer palavras bondosas, de esperança, ao povo. Por outro lado, ela feriu como um “ferrão” ao inimigo.
O caráter de Débora é um exemplo para nós: ao mesmo tempo em que devemos usar de palavras bondosas, devemos ser “ferozes” e totalmente contundentes contra a ação do inimigo.
Juízes 2: 7-10
É dito que, durante os dias de Josué e de sua geração, o povo de Israel servia a Deus. Eles seguiam o exemplo de homens que haviam conquistado a terra prometida e que haviam sido doutrinados por Moises pouco antes de sua morte. Porém, aquela geração do livro de juízes não deu continuidade aos ensinos de Deus escritos na “lei”, como, aliás, havia sido determinado por Moises.
Essa mesma falta de ensino nos lares dos israelitas e a ausência de uma educação bíblica dos pais aos seus filhos os levou a viver uma instabilidade espiritual.
Vivemos esta mesma circunstância nos dias atuais, na igreja.
Há uma grande negligência por parte dos pais no ensino bíblico dos filhos.
Não há mais culto doméstico nos lares, não há mais momento de adoração em família, não há qualquer ensino das escrituras nas casas dos crentes. Pai e filho pouco conversam sobre servir a Deus em conjunto no lar. O resultado, então, é a instabilidade espiritual da igreja e a introdução do mundanismo na igreja, e o desvirtuamento de grande parte de nossas crianças, adolescentes e jovens.
Voltamos a viver o difícil tempo do livro de Juízes
Sem educação, sem ensino, o povo se desvia espiritualmente, como a geração que se seguiu a dos conquistadores de Canaã, uma geração que não conhecia ao senhor nem tampouco as grandes obras que Deus fizera a Israel. Eles não conheciam porque os pais haviam deixado de lembrar e de contar aos filhos as grandes coisas que Deus havia feito.
Atualmente, vivemos dias em que, nos lares e na igreja, alguns falsos servos de Deus pregam uma liberdade ilimitada na graça, uma suposta superioridade espiritual que permite às pessoas fazer tudo o que bem entendem. Entretanto esta liberdade é anarquia, é fruto de uma vida pecaminosa, totalmente comprometida com o mundo e em rebeldia contra Deus.
Vivemos tempos em que “cada um decide o que é certo para si”. Ou seja, novamente, nos encontramos nos tempos de juízes.
Deus permitiu que o povo sofresse para que eles pudessem se arrepender dos seus pecados. E para que clamassem por libertação.
E o povo, então, clamou a Deus por libertação. Surge, então, uma libertadora, uma profetiza de Deus.
Débora foi uma mulher profetiza e juíza. Uma mulher que não se misturou com os costumes e vícios, uma mulher que não deixou de obedecer os mandamentos do seu Deus e sempre estava pronta a ouvir a voz de Deus. Vemos, também, que Débora foi “uma mãe em israel”. Precisamos, em nossos dias, de mães como Débora, que se levantem pela saúde espiritual de seus filhos.
Pela vida de Débora, mais uma vez, Deus libertou Israel e eles ficaram oitenta anos livres da opressão e da escravidão.
Nos dias atuais o nosso Juiz e Libertador é o próprio Jesus Cristo, e se, hoje, estivermos precisando, em nossas vidas, de uma libertação, que voltemos a clamar pelo Seu nome. Certamente, nosso Senhor virá ao nosso encontro e nos libertará das mãos de nosso inimigo, Satanás.
Precisamos somente nos arrepender de nossos pecados e voltar para os caminhos do Senhor Jesus Cristo.
Ainda podemos ser um povo liberto.
Quantos estão dispostos a clamar a Deus? Amém!