Essa é uma pergunta com muitas respostas em nossos dias.
Para alguns, amar a vida significa acumular o maior número de bens materiais, para poder gozar de uma velhice segura e livre de preocupações.
Para outros, significa viver uma vida intensa, repleta de sensações, experiências, viagens a lugares novos e inusitados
Para outros, ainda, significa ter um grande número de relacionamentos afetivos, romances.
Um grande número de pessoas, ainda, pensa que amar a vida é se entorpecer com álcool e outras drogas, e, assim, se “anestesiar” dos “problemas” diários e das dores da vida.
Mas quem seria, sob o ponto de vista de Deus, o homem que ama a vida?
A Bíblia nos traz uma resposta singela, porém profunda, para esta pergunta:
“Quem é o homem que ama a vida e quer longos dias para ver o bem?
Refreie tua língua do mal
E os teus lábios de falarem maliciosamente
Afaste-se do mal e pratique o bem
Procure a Paz, e esforce-se para alcançá-la”
(Salmos 34:12-14).
Vamos meditar em cada palavra deste versículo para descobrir um pouco mais sobre as características da pessoa que, de fato, ama a vida:
Refreie a tua língua do mal e os teus lábios de falarem maliciosamente
A língua é um pequenino órgão do corpo humano, porém, é coisa muito difícil exercer autocontrole sobre ela. Com a língua louvamos e exaltamos a Deus, porém, com a mesma língua, amaldiçoamos o nosso próximo, criado à semelhança de Deus.
Há aquelas pessoas que usam palavras pesadas, e que ferem sentimentos, destroem esperanças, causando mágoas.
Há outras, porém, que usam de palavras sutis, “embrulhando” a crueldade de seus corações em uma belo papel de “presente”, uma linguagem aparentemente inofensiva (“fulano é legal, mas…).
Há, ainda, quem, pelo excessivo falar, pela emoção do momento, pela ira, acaba manifestando opiniões ofensivas a outras pessoas.
Fato é que, seja por ingenuidade – por que falamos demais, sem pensar – ou, pior, por malícia mesmo, destruímos a vida das pessoas, ou, no mínimo, causamos um dano por vezes irreparável.
Pare e pense: quantos relacionamentos afetivos, amizades¸ negócios ou contatos profissionais foram prejudicados em sua vida por conta de uma palavra mal colocada (ou seria mal-dita…?)
Quantas situações constrangedoras, embaraçosas, quantas confusões, intrigas, que poderiam ser perfeitamente evitadas, caso alguém tivesse simplesmente se calado?
Certamente, se fizermos uma auto-reflexão sincera, veremos quantas angústias temos sofrido simplesmente por não controlar nossa própria língua.
Aquele que ama a vida, portanto, é aquele que refreia a língua, para preservar tanto a sua própria vida, quanto a vida do próximo.
Afaste-se do Mal e Pratique o Bem
O mal e o bem habitam o coração de todo ser humano, e estão em constante conflito.
É comum as pessoas, no meio religioso, imaginarem o mal como uma lista de coisas que não se deve fazer, e em Deus como uma espécie de “fiscal” que está, lá do alto, “anotando” cada falta nossa, para nos acusar.
Esta imagem é totalmente equivocada.
Para que possamos melhor entender,e combater, os desígnios do mal, precisamos, primeiro, entender que não é a “coisa”, o objeto em si da nossa tentação, que é o real problema.
O real problema está no fruto que aquila “coisa” cria em meu coração.
Jesus nos disse para “comermos da sua carne e de seu sangue”, pois, quando nos alimentamos Dele, nos tornamos como Ele, e passamos a enxergar o mundo a partir de tudo Aquilo que Ele É (Graça, Amor, Justiça, Paz).
De forma semelhante, mas oposta, quando nos alimentamos de uma “coisa”, passamos a ver e interpretar o mundo a partir do que aquela coisa é.
Assim é que a pornografia nos faz enxergar malícia até aonde não existe malícia. Assim como o uso abusivo de álcool nos faz perder a nossa própria essência (a pessoa não consegue mais pensar em outras formas de lazer e diversão que não envolvam o exagero no álcool).
O versículo fala em nos afastarmos do mal, o que significa fugir de tudo aquilo que traga o mal para dentro de mim.
É verdade que devemos amar a todos ao nosso redor, o que envolve, necessariamente, nos relacionar e oferecer amizade.
Porém, quando determinada amizade ou companhia me torna prisioneiro de coisas que me fazem mal, é o momento de se afastar daquela pessoa.
A melhor forma de combater o mal, contudo, não é lutar diretamente contra ele, mas, sim, se entregar à prática do bem, ocupando nossa mente com tudo que é bom, tudo que é puro, tudo que é agradável a Deus.
Aquele que ama a vida, agindo deste modo, faz, pouco a pouco, o mal “perder terreno” em seu coração.
Procure a Paz e Esforçe-se para Alcançá-la
Nas ruas, as pessoas têm andado não apenas com as mãos, mas também com um espírito cada vez mais armado, cada vez menos disposto a levar “desaforo pra casa”.
Num mundo tão hostil, até que ponto devemos nos esforçar pela Paz? Uma campanha da internet levanta uma interessante reflexão sobre este assunto (Blood Relations – Vínculos de Sangue).
O objetivo da campanha é ambicioso: nada mais nada menos do que a paz entre israelenses e palestinos – que vivem em conflito há mais de sessenta anos, com um rastro de sangue e mágoas para ambos os lados.
O que poderia interromper um ciclo de ódio e vingança como este?
De repente, alguém tem uma feliz ideia: o que aconteceria se, ao invés de derramar mais sangue, conseguíssemos fazer com que as pessoas o compartilhassem?
E se as vítimas de um lado do conflito – aquelas que mais tinham razões para se vingar – decidissem, ao invés disso, doar sangue para as vítimas do lado inimigo?
O slogan da campanha é impactante: você seria capaz de odiar quem tem seu sangue correndo pelas veias?
No vídeo de divulgação da campanha, Siham Abu Awwad, uma palestina que teve seu irmão morto no conflito, e, mesmo assim, decidiu se unir à campanha da Paz, faz uma afirmação forte:
“Talvez o idioma do sangue fale mais alto do que qualquer outro”.
sta é, ou ao menos deveria ser, a nossa mensagem. Não à toa, o evangelho – a mensagem de Deus – também foi “contada” neste idioma, o idioma do sangue. Por meio de um só ato de misericórdia, o derramar do sangue de Jesus, todo ciclo de ódio e vingança é quebrado.
Quem foi que ensinou: “Ouviste o que foi dito aos antigos: olho por olho, dente por dente. Porém, Eu vos digo, amais os vossos inimigos e orai pelos que vos perseguem”?
O Homem que Ama a Vida é aquele que “ousa” responder com perdão, misericórdia e graça a um mundo repleto de vingança e hostilidade.
Guardar a boca do mal.
Afastar-se do mal e fazer o bem.
Buscar a Paz e seguí-la até o fim.
Parecem conselhos simples, mas este é o Caminho Estreito. Poucos passam por ele.
Mas é, também, um Caminho de Graça, a vereda da Vida e da Verdade.
Sobre aquele que assim se dispõe a viver, é dito algo: Os olhos do Senhor repousarão sobre ele, e os ouvidos do senhor se dispõem para ouvi-lo. Este homem será liberto de todas as suas angústias.
Que possamos abandonar o caminho da morte, e nos entregar, verdadeiramente, ao Caminho da Vida!