“E viram o Deus de Israel, sob cujos pés havia um caminho de pedra de safira, que se parecia com o céu na sua claridade”. (Êxodo 24:10)
O renomado filósofo Bertrand Russel tinha o hábito de pontuar suas palestras com observações irônicas e sarcásticas. Essa prática ofendeu um aluno de sua aula sobre Ética, que quis saber como um professor de Ética podia ser tão cínico. Russel perguntou ao estudante: “O que mais você está estudando?” O aluno disse: “Estou estudando Matemática”. Disse Russel: “Então por que não pergunta ao seu professor de Matemática por que ele não é um triângulo ou um trapézio?” 1
Em flagrante contraste com o conhecimento humano, a Bíblia insiste que as verdades Divinas devem ser incorporadas exatamente naquele tipo de pessoas que nos tornamos. Abraão é escolhido “para que ele instrua seus filhos e sua família como seguir no caminho do Eterno, praticando integridade e justiça.” Não se trata de uma contemplação abstrata da verdade, como a filosofia normalmente propõe. É sobre um caminhar em Verdade.
No primeiro capítulo de Isaías, o profeta denuncia aqueles que se apressam em oferecer sacrifícios, porém negligenciam os pobres, ou abusam dos fracos. O Caminhar do Eterno – em oposição – é estar alerta ao sofrimento de outros.
Isso é lindamente expresso numa famosa linha dos Salmos “Eu era jovem e agora sou velho, porém não vi os justos abandonados ou seus filhos implorando por pão 2.”
O Verbo neste versículo (lo ra’iti) normalmente traduzido como “Eu não vi”, não significa meramente “ver”. Significa “ficar de pé assistindo”, ser uma testemunha passiva, um espectador desengajado.
Lido dessa maneira, o versículo declara: “Eu era jovem e agora sou velho, e não fiquei meramente parado assistindo enquanto os justos eram abandonados e seus filhos forçados a implorar o pão. Eu estendi a mão para ajudar, e mostrei um coração generoso à pessoa em necessidade”.
O Salmista vê o mundo inteiro em termos de uma arena para bondade, compaixão e justiça. O Caminhar do Eterno implica ser sensível à pobreza, ao sofrimento e à solidão do próximo.
A sensibilidade, junto com a bondade, está no âmago dos valores bíblicos, pois o Caminhar do Eterno é mais que uma coreografia de comportamento. A Bíblia está preocupada não somente com a conduta mas também com o caráter; não apenas com os mandamentos que cumprimos, mas também com o tipo de pessoa que nos tornamos.
Pois a meta é que o homem seja uma incorporação da Palavra, e que a Palavra esteja no homem, em sua alma e nas suas ações.
Comunidade Moriah